About: Multidisciplinary space to develop young artists from Brasil based on mentoring, collaborative projects and art residency.

Fenda
São Paulo, Brasil
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Artist in
residence
Fenda
Diary
01

Sobre Fierce

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Conheci a Fierce durante uma viagem a trabalho para Belém em 2021. Desde então fui acompanhando de perto o seu trabalho pelo Instagram, sempre muito curioso pela sua investigação e pesquisa em torno de um imaginário visual da Amazônia. A forma como ela visualiza a terra que nasceu e as pessoas que lhe cercam, particularmente os seus interesses estéticos e a forma como ela os desdobra e os retroalimenta, uma atuação criativa local muito interessante e autêntica.

Me encanta também o seu conhecimento profundo de construção de imagem. É especial a forma como Fierce conecta formas, texturas e cores, encontrando no seu entorno uma beleza vernacular que fala tanto da sua terra como de algumas questões essenciais do mundo, de uma intrínseca relação corpo x natureza. Há uma abordagem documental e ao mesmo tempo uma intenção poética nas imagens que Fierce constrói (nisso aí inclusive vejo um cruzamento muito forte com o meu trabalho), e isso me fez pensar que em conjunto com a Fenda algo muito forte poderia surgir.

Foi nesse contexto que fiz o convite para ela ser a quarta residente da Fenda. Desde o começo a gente entendeu que, ao contrário das outras três residências que desenvolvemos, a execução do projeto que ela propôs não faria muito sentido acontecendo em São Paulo. Eu vejo Fierce nesse momento imersa num projeto de investigação das histórias das ilhas que a cerca, das dinâmicas locais de criação, uma vontade de conhecer ainda mais a fundo e elevar criativamente a comunidade em que está inserida.

Então a residência logo assumiu um formato de mentoria e acompanhamento online. Ela em Caratateua/Pará e eu em São Paulo. Oferecemos a estrutura da Fenda (financeira, curatorial, acompanhamento de execução, pensamento de comunicação, etc) para desenvolver algo que fosse essencial para ela, para a pesquisa e investigação estética que ela já vinha praticando. Então Fierce decidiu fazer um processo de documentação e ressignificação imagética das mulheres que vivem nas ilhas próximas a sua casa. Caratateua, Mosqueiro e Marajó foram as ilhas visitadas.

Fierce esteve acompanhada de Labo Young (styling) e Edne Maues (fotógrafo) nessa jornada por essas 3 ilhas e o resultado é a publicação online “Oiaras”, que traz uma visão muito forte e, na minha opinião, inédita sobre a identidade da mulher afroamazônida. E aqui no site da Fenda disponibilizamos o trabalho na íntegra.

– Hick Duarte